4 de nov. de 2013

Dos Bancos



Infelizmente, na primeira nobre verdade dita por Buda, ele nos ensina que toda a vida se encontra impregnada de sofrimento, e ele estava coberto de razão, diga-se de passagem. A vida é um constante sofrimento. A longa jornada nos estudos, a dificuldade de conquista de um emprego digno, a obrigação de acordar cedo todos os dias de trabalho e estudo. As contas a se pagar, o amor muitas vezes não correspondido. Tudo isso é sofrimento, é desgaste, porém, não existe sofrimento maior, creio eu, que ter que resolver algum trâmite, por menor que seja, em uma agência bancária.

Eis que hoje, me reencontro com algo que me faz perder o pouco de paciência que me resta, o banco. A primeira cena deprimente que vejo ao me aproximar da agência, é a de uma imensa fila, que se estende até o limite interno da ante sala onde ficam os caixas eletrônicos. Entrar em uma agência bancária, já é um suplício por si só. Sempre existe a "Dona Cotinha" que não entende que objetos de metal travam a porta giratória, e fica meia hora tentando passar com seu guarda chuva dentro da bolsa, e insistindo que não está carregando nada metálico. 

Vencida a primeira parte, você finalmente consegue adentrar ao recinto fechado hermeticamente com o maravilhoso ar condicionado de validade duvidosa, que ataca a rinite até da sua 5ª geração, e então se depara com dezenas de pessoas, aguardando pacientemente ou não, sua vez de poder inserir seu minúsculo e frágil cartão em uma daquelas máquinas, pra tirar o suado ordenado do mês, afim de pagar suas contas. De fato, ficar meia hora ou mais aguardando sua vez não é uma experiência boa, é um sofrimento, mas não terão que discutir com ninguém para retirar seu dinheiro, só terão que digitar suas senhas e pronto, problema resolvido (isso quando as maquinas não entram em manutenção justamente na hora em que você esta utilizando).

A parte mais irritante desse labirinto que é a agência bancária são os funcionários. A desmotivação dos próprios colaboradores da agência, por não gostarem do que fazem, ou apenas por não terem vontade de fazer nada, razão pela qual, procuraram um concurso público para uma agência bancária. Não possuem grandes pretensões, apenas um emprego ‘estável’, um ordenado ao fim do mês que o sustente,  sem desafios ou grandes chances de galgar uma carreira. Costumeiramente tratam os clientes mal por não se identificarem na função que exercem, como se o cliente fosse o culpado por sua ocupação ou falta de competência. O cliente odeia aquilo tanto quanto o funcionário, pois não é nenhum pouco agradável permanecer tanto tempo aguardando atendimento mesmo que sentado, e ser recepcionado por alguém sem a mínima vontade de resolver seu problema.

Certo dia fui solicitar um novo cartão de crédito/débito, pois o meu estava desgastado, e mais cedo ou mais tarde, eu não conseguiria realizar mais nenhuma transação.

Todos nós sabemos que qualquer serviço disponibilizado pelo banco será cobrado do cliente. Até aí tudo bem, afinal, estou solicitando um novo cartão e o valor para o mesmo era irrisório. Contudo, eis que durante a solicitação, o atendente do caixa me solicita o cartão antigo, que não estava em péssimo estado, apenas estava com problemas de leitura, e me fala "Esse cartão vence daqui a três anos e já está assim?!" com um tom de raiva, já me sugerindo outras formas de pagamento que não fossem utilizando o cartão, como se ele estivesse fazendo um favor em realizar a solicitação de um novo cartão. Como se fosse ELE a pagar pela requisição.

Eu utilizo com frequência o meu cartão, e acima de tudo, eu pago por ele, então eu posso solicitar a reposição do cartão quantas vezes eu quiser, no momento que eu quiser. Atendente de banco nenhum tem direito de mudar isso, pois é um direito meu. Não sei se aquele pobre atendente estava de mal com o trabalho, se estava com problemas pessoais, ou ainda, se alguém tinha discutido com ele e ele resolveu revidar em mim. Sei apenas que não pretendo voltar a uma agência bancária nem tão cedo.

Infelizmente o problema não reside apenas na solicitação de um simples cartão, ela passa pelo extrato escrito em um dialeto de fora do planeta terra, o péssimo atendimento dos funcionários, o horário de funcionamento que é incompatível com o horário de qualquer trabalhador, o teleatendimento medíocre existente também nos bancos, taxas abusivas questionadas sempre pelo consumidor que, lesado não tem como fugir de impostos comuns a todos os bancos, e uma outra infinidade de questões que nos tiram do sério e nos deixam preso a utilizar este mal necessário que são as instituições bancárias do nosso pais.

Texto por Thiago Adelino

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