Não é raro ouvir o discurso já
conhecido onde um casal precisa de sinceridade e transparência para manter a
cumplicidade e intimidade. Prega-se que a verdade deve ser
mantida a todo custo, mesmo que ela não seja totalmente apreciada. Mas
até que ponto isso é saudável e correto?
Não está escrito em lugar algum que, para alcançar a intimidade e confiança plenas, um casal precisa abrir mão
de sua individualidade como ser humano.
É preciso SIM lembrar que estamos
dividindo nossas vidas com outra pessoa com tantos defeitos como os nossos, mas
para que essa unidade construída em um casamento/relacionamento suporte todas as intempéries
da vida, precisamos nos privar dessas tempestades em nossos momentos de
convívio intimo.
Nem sempre a verdade nua e crua,
dita no calor da discussão sem o respeito que havia no começo antes de conhecer
seu companheiro, vai ser o certo. Essa brutalidade espontânea fruto do convívio
diário acaba por tornar-se comum em casais com mais tempo de caminhada, e por conseqüência, viramos especialistas em esbarrar nas
sensibilidades de nossos parceiros, invadindo seu espaço e demonstrando nossa
pior faceta a quem nos quer bem.
Porém deveríamos guardar justamente a
nossa melhor face, a mais desprovida de defeitos e espinhos para nossa
convivência íntima, para o merecedor de nossos sorrisos e gestos
de educação e etiqueta.
Conceitos como "ele já me
conheceu assim" ou "ela está acostumada com meu jeito de ser",
são apenas nocivos a um casal, e com o tempo afastam a única pessoa que está disposta a permanecer ao
nosso lado (mesmo nos conhecendo). O Fato de escolhermos alguém para trilhar uma vida juntos, não nos
da direito de desconfigurar a cumplicidade necessária para esta caminhada
tortuosa.
Os problemas serão enfrentados na
vida de todos, mas criar mais problemas dentro do seu refúgio, só trará consigo
todas as situações humilhantes e vexatórias que nossos companheiros saborearão atravessados em nome do "amor".
Para aqueles que dizem que o amor
suporta pessoas intransigentes e sem postura, digo apenas que o amor precisa de
manutenção. Ele acaba, sofre, enfraquece, míngua e desaparece sim, mas nem por
isso ele deixou de ser "amor" em algum momento de sua existência. Um sentimento pode sim
ser verdadeiro e intenso, mas ele só continuará existindo diante do nosso
comprometimento em mantê-lo, alimentá-lo, cultivá-lo aos olhos de quem amamos.
Texto Por Derek Muggiati